quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Estações divulgam temperaturas diferentes
As temperaturas baixas, pelo menos abaixo de zero, começam a se afastar dos termômetros em São Joaquim. Porém, assunto que sempre é um bom gancho para os jornalistas é a comparação entre as temperaturas de municípios vizinhos na Serra e as daqui.
Um detalhe acaba prejudicando a informação sobre a real temperatura de São Joaquim. Muitas estações meteorológicas não tem pontos de coleta nas áreas mais frias da cidade, como a localidade de luizinho, por exemplo, que é um dos locais mais frios da cidade. O resultado é que temperatura mínima divulgada para todo o país fica até três ou quatro graus acima do que foi realmente registrado.
E só comparar a mínima divulgada pela Climaterra, que tem vários pontos de coleta com a de outras. A divulgação fica prejudicada.
São Joaquim tem 24 mil habitantes, diz IBGE
A população estimada pelo IBGE para São Joaquim divulgado na semana passada é de 24.058 habitantes. São 1.222 pessoas a mais que o último senso de 2000, onde a população era de 22.836. Em 1991 era 22.295, aumentou 1.763 habitantes de lá para cá.
O curioso é que de 1991 para 1996 a população decresceu 339 habitantes. Foi o período de maior estagnação econômica da cidade, o que deve ter levado muitos moradores a migrar.
Lages é a mais populosa com 161.563 habitantes. Urubici tem hoje 10.439 e Bom Jardim da Serra 4.214. A população estimada para Santa Catarina é de 6,1 milhões de habitantes. A cidade mais populosa do Estado continua sendo Joinville, com 497 mil habitantes.
Risco de deslizamentos na Serra Catarinense
Prepare a capa de chuva. Setembro será o mês mais chuvoso do ano. Segundo Ronaldo Coutinho, da Climaterra, raramente ficaremos com três ou cinco dias sem chuva. Será um período marcado por mudanças extremas e com grande risco de deslizamentos e aumento do nível dos rios. Em Urubici, na SC 430 dois trechos já estão em meia pista, segundo informou a polícia rodoviária na tarde de hoje (10).
A Temperatura segue sem calor até 24 de setembro. A mínima ontem chegou a 3,8 graus. Apreensivos com as chuvas em São Joaquim e região também estão os produtores de maçã, que não encontram espaço de tempo suficiente para a pulverização dos pomares, o que aumenta o risco da entrada de doenças.
Taipas fazem parte da história da Serra
Os serranos se orgulham de uma imponente obra deixada pelo homem no Sul do Brasil no Século XVIII. Trata-se do conjunto de muros de pedra – as taipas.
As muradas começaram a ser construídas tão logo a Coroa decidiu fundar Lages, a então Nossa Senhora das Lagens, para frear a cobiça espanhola sobre os domínios portugueses. As taipas eram feitas por escravos.
Destaques relevantes merecem o próprio Corredor das Tropas (60 km), feito de taipas que bem materializam a história do tropeirismo do Sul e Sudeste do Brasil, as ruínas da primeira tentativa de fundação da Vila de Lages, a sede da Fazenda Cajuru, construída em 1865, o Passo Santa Vitória na divisa do Rio Grande do Sul (Rio Pelotas) tombado como Patrimônio Histórico e Natural, pelo município de Lages em 1993 e pelo município de Bom Jesus (RS) em 1994.
João Padilha, 84 anos, residiu boa parte de sua vida no interior de São Joaquim, na localidade de Boava. Lembra que a profissão de taipeiro - construtor de taipas - foi comum em toda a região. Era um dos ofícios mais requisitados pelos fazendeiros na época. Não havia arames para delimitar as terras, antes divididas por demarcações visuais através de rios ou capões de araucárias.
Não existiam muitas alternativas de renda na época, sequer agricultura. O trabalho passava de pai para filho, por gerações. Como as famílias eram numerosas, todos os filhos costumavam trabalhar para o mesmo fazendeiro. As esposas e filhas tinham atividades como o cultivo das hortas para o próprio consumo e os trabalhos na casa. Habitavam pequenos ranchos no campo, próximos de riachos.
O contrato para a construção dos muros chegava a se estender por anos. Como não havia muito dinheiro em moeda na época, o pagamento era através de cabeças de gado, ovelhas e porcos. Trabalhos maiores rendiam até áreas de terras nas fazendas. Muitos acabavam trabalhando nas lidas com o gado do proprietário depois de concluir as taipas. Eram então chamados de agregados.
O trabalho era árduo e lento. A maior dificuldade deles não era a montagem no local, mas a extração e o transporte.
As pedras ideais para a construção das taipas não são as que ficavam expostas, mas sob a terra. As pedras soltas já sofreram a ação do tempo, facilmente se quebram ao cortar.
Elas eram retiradas uma a uma com pás, picaretas e alavancas. Muitas vezes o trabalho era interrompido, pois logo percebiam que o aparente pequeno pedaço, ao começar ser descoberto, devido ao tamanho, não poderia ser retirado. Muito tempo era perdido. Por vezes, maciços de pedras no campo também não podiam ser utilizados, devido à má qualidade da formação.
O transporte da pedra era outra dificuldade. Levavam horas para chegar ao local exato da construção. “Existiam grandes pastagens por onde os muros deveriam ser construídos, mas não havia pedras por perto, somente a centenas de metros dali”.
O deslocamento era lento e feito através de uma pequena carreta chamada zorra, puxada por valentes bois carreiros. Trata-se de um instrumento de madeira resistente em forma de “Y”. As pedras ficavam no meio, e as duas partes de trás, na ponta da zorra, tinham contato com o chão. Não havia rodas.
As pedras do alicerce eram as mais difíceis. Sempre maiores. No meio - pedras de tamanho médio e, na parte superior, pequenas lajes - fatias de pedras, que davam o acabamento.
Hoje encontrar taipeiros é cada vez mais difícil, a profissão é rara. Um metro de taipa de um metro de altura custa em média 40 reais. A extração e deslocamento das pedras somente com trator.
As muradas começaram a ser construídas tão logo a Coroa decidiu fundar Lages, a então Nossa Senhora das Lagens, para frear a cobiça espanhola sobre os domínios portugueses. As taipas eram feitas por escravos.
Destaques relevantes merecem o próprio Corredor das Tropas (60 km), feito de taipas que bem materializam a história do tropeirismo do Sul e Sudeste do Brasil, as ruínas da primeira tentativa de fundação da Vila de Lages, a sede da Fazenda Cajuru, construída em 1865, o Passo Santa Vitória na divisa do Rio Grande do Sul (Rio Pelotas) tombado como Patrimônio Histórico e Natural, pelo município de Lages em 1993 e pelo município de Bom Jesus (RS) em 1994.
João Padilha, 84 anos, residiu boa parte de sua vida no interior de São Joaquim, na localidade de Boava. Lembra que a profissão de taipeiro - construtor de taipas - foi comum em toda a região. Era um dos ofícios mais requisitados pelos fazendeiros na época. Não havia arames para delimitar as terras, antes divididas por demarcações visuais através de rios ou capões de araucárias.
Não existiam muitas alternativas de renda na época, sequer agricultura. O trabalho passava de pai para filho, por gerações. Como as famílias eram numerosas, todos os filhos costumavam trabalhar para o mesmo fazendeiro. As esposas e filhas tinham atividades como o cultivo das hortas para o próprio consumo e os trabalhos na casa. Habitavam pequenos ranchos no campo, próximos de riachos.
O contrato para a construção dos muros chegava a se estender por anos. Como não havia muito dinheiro em moeda na época, o pagamento era através de cabeças de gado, ovelhas e porcos. Trabalhos maiores rendiam até áreas de terras nas fazendas. Muitos acabavam trabalhando nas lidas com o gado do proprietário depois de concluir as taipas. Eram então chamados de agregados.
O trabalho era árduo e lento. A maior dificuldade deles não era a montagem no local, mas a extração e o transporte.
As pedras ideais para a construção das taipas não são as que ficavam expostas, mas sob a terra. As pedras soltas já sofreram a ação do tempo, facilmente se quebram ao cortar.
Elas eram retiradas uma a uma com pás, picaretas e alavancas. Muitas vezes o trabalho era interrompido, pois logo percebiam que o aparente pequeno pedaço, ao começar ser descoberto, devido ao tamanho, não poderia ser retirado. Muito tempo era perdido. Por vezes, maciços de pedras no campo também não podiam ser utilizados, devido à má qualidade da formação.
O transporte da pedra era outra dificuldade. Levavam horas para chegar ao local exato da construção. “Existiam grandes pastagens por onde os muros deveriam ser construídos, mas não havia pedras por perto, somente a centenas de metros dali”.
O deslocamento era lento e feito através de uma pequena carreta chamada zorra, puxada por valentes bois carreiros. Trata-se de um instrumento de madeira resistente em forma de “Y”. As pedras ficavam no meio, e as duas partes de trás, na ponta da zorra, tinham contato com o chão. Não havia rodas.
As pedras do alicerce eram as mais difíceis. Sempre maiores. No meio - pedras de tamanho médio e, na parte superior, pequenas lajes - fatias de pedras, que davam o acabamento.
Hoje encontrar taipeiros é cada vez mais difícil, a profissão é rara. Um metro de taipa de um metro de altura custa em média 40 reais. A extração e deslocamento das pedras somente com trator.
Encerrada poda das macieiras em São Joaquim
O período de poda nos pomares de macieira na Serra Catarinense encerrou esta semana. O tempo ajudou e os produtores conseguiram finalizar o trabalho em tempo, antes da brotação das árvores. Somente em São Joaquim existem cerca de 2 mil produtores.
Os trabalhos nos pomares são realizados por contrato formal ou por empreitadas, é quando o produtor paga os trabalhadores uma quantia por cada planta trabalhada, o que não dispensa o contrato com carteira de trabalho. Os valores vão de R$ 0,60 a R$ 1,70 por árvore, conforme o tamanho da planta e o tipo de poda em cada pomar.
A poda de frutificação é iniciada após a copa da planta se formar. O objetivo é regularizar e melhorar a frutificação, tirando o excesso de vegetação da planta, assim se reduz a superprodução da macieira, que poderia baixar a qualidade da fruta. Com a poda as maçãs crescem com produção controlada, mais uniforme, dando qualidade e consistência.
Em um mês inicia o período do raleio. Nesta fase é retirado de cada galho da planta o excesso de frutas em todas as árvores. Onde nasceriam 10 maçãs, por exemplo, ficam apenas uma ou duas, o que garante o padrão no tamanho e a qualidade. Para que a atividade tenha sucesso mais uma grande quantidade de trabalhadores é recrutada, o que garante trabalho e renda para toda a população.
Os trabalhos nos pomares são realizados por contrato formal ou por empreitadas, é quando o produtor paga os trabalhadores uma quantia por cada planta trabalhada, o que não dispensa o contrato com carteira de trabalho. Os valores vão de R$ 0,60 a R$ 1,70 por árvore, conforme o tamanho da planta e o tipo de poda em cada pomar.
A poda de frutificação é iniciada após a copa da planta se formar. O objetivo é regularizar e melhorar a frutificação, tirando o excesso de vegetação da planta, assim se reduz a superprodução da macieira, que poderia baixar a qualidade da fruta. Com a poda as maçãs crescem com produção controlada, mais uniforme, dando qualidade e consistência.
Em um mês inicia o período do raleio. Nesta fase é retirado de cada galho da planta o excesso de frutas em todas as árvores. Onde nasceriam 10 maçãs, por exemplo, ficam apenas uma ou duas, o que garante o padrão no tamanho e a qualidade. Para que a atividade tenha sucesso mais uma grande quantidade de trabalhadores é recrutada, o que garante trabalho e renda para toda a população.
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