terça-feira, 22 de setembro de 2009

O fim do Colégio São José



glaucosilvestre.blogspot.com
Ele fez parte da vida de milhares de joaquinenses desde março de 1965. Agora, o velho Colégio São José vai desabar.

Durante os seus 43 anos de vida passaram por ali alunos que hoje são professores, eletricistas, advogados, pedreiros, comerciantes, jornalistas, motoristas, prefeitos, deputados, marceneiros, governador e inclusive este que aqui escreve.

São cerca de 1100 alunos e 45 professores por ano. Foi onde muitos se conheceram, casaram, tiveram filhos e a nova geração também estuda na escola. Foi construído pelas mãos da comunidade, a paróquia fez a campanha e os fazendeiros da cidade doaram toda a madeira para a sua construção.

Contando os dias, restam menos de dois meses para que as portas fechem definitivamente, o servente e merendeiro João Pereira trabalha na escola faz sete anos. Passa todas as manhãs em volta das caldeiras para preparar a merenda. Começa cedo, sete horas da manhã.

Conta que a estrutura do prédio está mesmo complicada. Mostra vários problemas estruturais e acredita que não dava mais para continuar com o velho prédio. “Eu até pensei em subir para consertar alguns buracos no teto do pavilhão, mas não me deixaram, está muito perigoso”.

Mas João lembra que as partes que foram conservadas estão perfeitas. “Olha isso aqui, é madeira de primeira, escolhida a dedo. Os fazendeiros mandavam as melhores madeiras que tinham na região”.

A arquitetura da escola seguiu um moderno desenho para a época com linhas em curva e paredes com tábuas em sentido horizontal. O arquiteto Rafael Martorano Salvador, que já foi aluno conta que “o São José tem uma arquitetura bem modernista. Em madeira o torna ainda mais raro no Brasil. O fato de ser de madeira é engraçado, no Japão tem prédio de madeira de 500 anos e estão lá de pé. Aqui, com 30 anos já vão abaixo, problemas de conservação e manutenção, também é cultural, não se dá valor a madeira”, lamenta ele.

Segundo ele, as histórias que viveu dentro do colégio é que mais irão marcar. “Mas o problema maior que eu acho é de memória. Quantas recordações do velho colégio ficarão. Um grande vazio na memória de todos que por ali passaram”, disse Rafael.

O colégio no início era particular e desde sua fundação até o ano de 1992 foi dirigido por Irmãs da Congregação “Franciscanas de São José”. Em 1970, a escola foi estadualizada e desde então funciona no mesmo prédio e terreno, pertencentes à Mitra Diocesana de Lages, através de um contrato de locação com o Estado. Atualmente atende alunos do ensino fundamental, ensino médio e educação profissionalizante, o magistério.

A nova sede foi construída em um terreno de 11,5 mil m² e terá uma área de 3.450 m² distante cerca de 500 metros do atual colégio.



João, servente e merendeiro toma conta da escola